segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Grace Kelly

   A eternidade de um ícone não se mede pelos anos de reinado: mede-se pela herança indelével cujo tempo não tem meios de destruir. A história de Grace Kelly é tão perfeita que não poderia ser ficção: de uma família abastada em Philadelphia a musa de Alfred Hitchcock, a consumação do conto de fadas chegou com o casamento com Rainier III, do Mónaco. Vencedora de um Òscar, dona de uma beleza esculpida e Princesa de um autêntico resort no Mediterrânio, Grace Kelly era um ícone à espera de acontecer. A inevitabilidade do estilo que lhe estava nas veias nunca foi escondida, não fossem as silhuetas dos anos 50 – tantas vezes em Dior -, os recorrentes chapéus e o decoro das luvas brancas de algodão o uniforme de todos os dias. Quando os holofotes do cinema foram substituídos pelo olhar do mundo (em abril de 1956, quando mais de 20 mil pessoas povoaram as ruas do Mónaco para ver passar o vestido de renda), as joias tornaram-se menos discretas, o cabelo elevou-se, mais complexo, e as etiquetas europeias acotovelavam-se para dominar no armário de uma princesa cujo ciclo da moda era apenas acessório: Grace tinha pavor ao desperdício, e não raras vezes – como a realeza do poder continua a fazer – usava o mesmo vestido (fosse ele Chanel, Madame Grès ou Balenciaga) mais que uma vez. Foi a primeira a popularizar as carteiras oversized – passou a lua-de-mel com uma tote no braço – e a Hermès que usava para esconder a gravidez foi-lhe entregue numa bandeja de prata: tinha nascido Kelly, uma das carteiras mais desejadas do mundo. O estilo clássico que não escusava a qualidade, a simplicidade de quem a beleza natural não precisava de adornos, a confiança de uma nobreza que não provinha só do título: Grace Kelly pode ter desaparecido tragicamente em 1982, mas o legado de quem significa mais que apenas uma presença física não tem data de validade. 
Por: Irina Chitas
Vogue Magazine Portugal

 

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